Energia
Cooperativa

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Iniciativas

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CCampo

2020

Ano de
Fundação

74,46 kWp

Capacidade de geração (kW)

+250

Pessoas
envolvidas

Unidades consumidoras
recebendo créditos

Cooperativa

CCampo

CCampo (Cooperativa Agrícola Mista de Produtores do Oeste do Pará) é uma cooperativa agrícola de produtores alimentícios da agricultura familiar do oeste do Pará que desde 2023 possui uma usina fotovoltaica para geração de energia renovável para suas duas agroindústrias.

A cooperativa possui sede em Santarém/PA e conta com mais de 250 cooperados e busca fortalecer a agricultura familiar e ofertar produtos regionais ao mercado tais como horti-fruti, mandioca e seus derivados além de polpas de frutas.

Projeto piloto de geração de energia solar

Na busca por melhoria e desenvolvimento tanto para a cooperativa e seus sócios quanto para a região em que se localiza, a CCampo participou de forma piloto de 2020 a 2022 de um projeto em parceria com o Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileira) e com a DGRV (Confederação Alemã de Cooperativas) de fortalecimento de cooperativas agropecuárias. Dentre as atividades foi executada uma análise de seus custos de produção e posteriormente uma avaliação energética do seu processo produtivo. Essas ações apontaram o alto custo energético na produção, principalmente de polpas de frutas congeladas. Além de receber recomendações de ações de eficiência energética foi sugerida a geração de energia fotovoltaica para reduzir os custos e contribuir para sustentabilidade e a descarbonização de sua produção. Viabilidade essa que surgiu da regulamentação que possibilita a produção de energia renovável descentralizada para autoconsumo.

Assim foi iniciado em 2022 o processo para a instalação de uma usina solar de 74,46 kWp que contou com o apoio da OCB e da DGRV. O primeiro desafio foi encontrar o melhor local para essa geração. A sede da cooperativa é alugada e, portanto, não era adequada a um projeto de geração de energia. Depois de análises, concluiu-se que a utilização de um terreno que havia sido adquirido pela cooperativa para futuramente construir sua sede própria era a melhor opção. Neste terreno ainda não havia conexão com a rede elétrica e a rede disponível não era suficiente para o porte da usina. Foram necessários trâmites com a distribuidora de energia local, obras de adequação da rede. Depois disso, a cooperativa teve que construir uma subestação e contribuir com as obras de adequação da rede, fazer a adequação no terreno para a construção da usina. Todo esse projeto levou vários meses e com alguns atrasos.

Outro aspecto importante e que não pode ser menosprezado é a contratação da usina, desde os equipamentos a serem utilizados até os serviços prestados. Não é um processo trivial e deve ser conduzido por uma pessoa com conhecimentos compatíveis e que seja capaz de entender as necessidades, avaliar propostas e acompanhar o processo. Neste ponto é relevante lembrar que em uma cooperativa de produtores rurais esse conhecimento não está disponível e pode ser desafiador enfrentar esse processo. O processo de construção também teve atrasos e algumas especificações ficaram diferentes do esperado.

Com a escolha de uma usina em solo em um local que futuramente será a sede da cooperativa, se abriu a possibilidade de inovar. 50% da usina foi construída elevada para que se possa utilizar o espaço embaixo das placas. Pretende se fazer uma usina agrifotovoltaica (agri-PV), ou seja, o uso concomitante do solo com a produção de energia solar e produção agrícola. O desafio aqui foi a falta de outros projetos agri-PV na região e a falta de profissionais para apoiar na melhor escolha para plantar nesta área. Ainda que tenha sido feita uma oficina prática, posteriormente apareceram desafios e a área continua sendo utilizada para testes.

A usina está em funcionamento desde setembro de 2023 e está gerando economia para duas agroindústrias da CCampo. Mas a primeira fatura de energia assustou a cooperativa, pois chegou equivocada como energia consumida e não como energia gerada e um alto valor a pagar. Foi rapidamente corrigida, mas mostra a necessidade de conhecer os processos burocráticos e poder atuar rapidamente.

Para que o investimento na geração de energia solar pudesse criar um círculo virtuoso de desenvolvimento, foi pensada a criação de um fundo com o valor equivalente a 50% da economia mensal gerada. Este fundo recebeu um regimento interno e será utilizado para manutenção da planta fotovoltaica e para investimentos no negócio da cooperativa, podendo ser para a compra de equipamentos, estímulo à produtividade dos produtores rurais, contratação de profissionais e outros.

A execução do projeto piloto de instalação da usina da Cooperativa CCampo foi uma experiência enriquecedora que serve como exemplo de boas práticas e deve ser compartilhada. Por isso, listamos aqui, algumas das lições aprendidas:

  • Desafios:
  1.  Dificuldade de ter pessoa dentro de uma cooperativa de produtores rurais com conhecimentos técnicos compatíveis para entender as necessidades, avaliar propostas e acompanhar o processo da contratação de uma usina fotovoltaica;
  2.  Dificuldade de encontrar fornecedores locais;
  3.  Discrepâncias entre os orçamentos e falta de equivalência entre os serviços;
  4.  Dificuldades com a distribuidora e burocracia;
  5.  Inexperiência da distribuidora com este tipo de projeto;
  6.  Morosidade para levar a rede até a usina;
  7.  Equívocos na contabilização de créditos;
  8.  Falta de outros projetos agrifotovoltaicos para a troca de experiências;
  9.  Dificuldades com o sistema agri-PV, tanto para encontrar profissionais qualificados quanto para os próprios cooperados;
  10.  Distância geográfica entre os cooperados e a usina, limitando a manutenção da usina e a produção no sistema agri-pv a alguns poucos cooperados;
  11.  Desafio na efetiva administração do fundo de desenvolvimento.
  • Perspectivas:
  1.  Expectativa de que o fundo possa impulsionar a cooperativa e sua produção;
  2.  Expectativa de levar a fábrica de produção para o local da usina, possibilitando maior economia e melhor utilização do espaço agrifotovoltaico;
  3.  Ciclo virtuoso devido ao investimento como impacto na região;
  4.  Ser vitrine tecnológica para outras iniciativas através da disseminação destes conhecimentos;
  5.  Estimular a sustentabilidade ambiental, descarbonização de processos e boas práticas agrícolas por seus cooperados e pela cooperativa;

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