No mês de outubro, São Paulo e região sofreram com apagão histórico. Alguns bairros ficaram mais de uma semana sem fornecimento de energia. Tudo começou com uma tempestade rápida e intensa, que chegou de repente com ventos de mais de 100km/h derrubando a infraestrutura da rede elétrica. Foi o suficiente para deixar às escuras a área urbana mais populosa do mundo ocidental. Além do impacto na vida das pessoas, apagões desestabilizam as infraestruturas críticas urbanas, como mobilidade e serviços de saúde. Sem contar os prejuízos para os setores industrial e de serviços.
- Equidade Energética
Mais adiante, fica evidente a questão da justiça climática e da pobreza energética: como sempre, as pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade são as mais afetadas por desastres e pela falta de energia, ficam mais tempo sem o serviço, esperam mais pelos serviços de reparo enquanto seus escassos estoques de alimentos para a semana apodrecem nas geladeiras desligadas.
- Natechs
Estamos vivendo natechs: desastres tecnológicos causados por eventos naturais extremos, raros ou antes inexistentes em uma determinada região, decorrentes das alterações climáticas causadas pelo aquecimento global. O Sexto Relatório do @IPCC de 2022 preconiza que se quisermos fazer frente à emergência climática precisamos adaptar e transformar sistemas humanos. E isso quer dizer adaptar e transformar nossas cidades, comunidades e infraestruturas para a nova realidade climática. O apagão em São Paulo deixa claro o quanto essas ações de adaptação climática são necessárias. E a geração de energia cooperativa é essencial neste processo.
- A Transição Energética que temos…
A energia é um recurso essencial em nossas sociedades modernas e tecnológicas. Tudo de que precisamos para viver em uma cidade como São Paulo depende de energia elétrica, a exemplo de fornecimento de água e esgoto, acesso e acondicionamento correto de alimentos, mobilidade, serviços bancários, educacionais e de saúde. Para continuar vivendo neste modelo civilizatório precisamos de uma matriz energética verde sustentável e renovável que nos permita continuar consumindo energia ao mesmo tempo em que reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa e frear/reduzir o aquecimento global.
Fato é que a transição energética vai muito além de deixar de queimar combustíveis fósseis e gerar energia de fontes renováveis. A matriz energética do Brasil é uma das mais verdes do mundo, pois ancora-se na geração por hidrelétricas. Ademais, empresas do setor elétrico estão gerando energia limpa em grandes usinas de solo e parques eólicos espalhados pelo país, e cidadãos e cidadãs estão gerando energia em seus telhados e injetando na rede em troca de desconto na fatura de energia. Nada disso foi suficiente para evitar o natech que São Paulo está vivendo há quatro dias.
Comparação do percentual brasileiro de geração de energia verde em comparação como o cenário mundial (Fonte: MATRIZ ENERGÉTICA (epe.gov.br)
- A Transição Energética que queremos: Energia Cooperativa
Para ser ecológica e sustentável, a transição energética precisa ser decentralizada, acessível, justa e democrática. As cooperativas de energia têm se mostrado viáveis e eficientes para a geração de energia ecológica e socialmente verde. Na Alemanha, elas são o motor propulsor dos três pilares da transição energética: eletricidade, mobilidade e aquecimento.
- Mas o que é Energia Cooperativa?
São iniciativas que reúnem pessoas para estabelecer projetos coletivos relacionados à geração de energia renovável. Pode ser uma cooperativa da agricultura familiar em uma localidade remota que gera sua própria energia para alimentar seus processos de beneficiamento, ou um grupo de pessoas moradoras de edifícios e sem telhados para fazer instalações fotovoltaicas que se reúne para gerar energia cooperativa em uma usina coletiva.
As iniciativas de energia cooperativa podem ser tanto de pessoas que vivem em regiões afastadas e sofrem com falta de acesso à energia ou acesso à energia de qualidade ruim (insuficiente para manter equipamentos elétricos, domésticos ou produtivos) como de pessoas ou grupos que cooperam com o objetivo de mitigar as mudanças climáticas por meio de participação ativa no processo de transição, inovação e diversificação energéticas.
- O que a Energia Cooperativa tem a ver com o apagão em São Paulo?
A energia decentralizada gerada é para autoconsumo. Ela pode ser injetada na rede elétrica, ou não. Existe também a possibilidade de produzir energia renovável para armazenamento em sistemas de baterias.
- Pega a visão!
Imagine pessoas e/ou organizações de seu bairro se reunindo em uma cooperativa de energia para instalar uma pequena usina fotovoltaica, armazenar parte desta energia em baterias e ter esta reserva em caso de futuras falhas prolongadas no fornecimento de energia.
Imagine que, em caso de apagão, essa energia renovável cooperativa de geração decentralizada armazenada em baterias possa abastecer o posto de saúde, casas de moradores do bairro que dependem de respiradores e aparelhos de diálise para viver e um edifício, como escola ou centro comunitário, onde haja geladeiras para acondicionar alimentos, onde as pessoas possam carregar celulares e computadores e onde é possível ter notícias sobre a situação.
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