Energia Cooperativa
De acordo com pesquisa da Confederação Alemã das Cooperativas (DGRV) da Alemanha
Para avançar na transição energética, são necessárias pessoas comprometidas. Cooperativas de energia renovável de propriedade das pessoas – isto é, a cooperação entre cidadãos que usam sua própria eletricidade renovável – dão uma importante contribuição para isso.
Na Alemanha o movimento das cooperativas de energias renováveis ganhou grande impulso desde 2006. Hoje são 835 cooperativas de energia, que em 2019 produziram 8,31 TWh de eletricidade e assim evitaram a emissão de 3,39 milhões de toneladas de CO2 no setor de energia.
Cooperativas de energia na Alemanha em números
Fonte: Pesquisa DGRV Alemanha / Ano 2019
Em 2019, 46% da eletricidade na Alemanha veio de fontes renováveis, um grande avanço já que em 2000 eram apenas 6,2% e 17% em 2010. Os cidadãos desempenham um papel fundamental na transição energética na Alemanha, já que se observa que as energias renováveis ainda estão, em grande parte, nas mãos de particulares. Mais de 40% da capacidade instalada dos sistemas de geração de energia eólica, solar, bioenergia etc. pertencem às pessoas privadas e agricultores. Deste montante, 3,5% foram geradas por meio de cooperativas de energia.
Criação de novas cooperativas de energia na Alemanha
Fonte: Pesquisa DGRV Alemanha / Ano 2019
Infelizmente, devido às várias alterações na Lei das Fontes de Energia Renovável nos últimos anos, as condições regulamentares para as cooperativas de energia dos cidadãos não estão encorajando novos projetos. . Isso se reflete no número de fundações de novas cooperativas de energia, que vem diminuindo desde 2015. Entre 2009 e 2013, em todos os anos, surgiram mais de 100 novas cooperativas, contudo desde 2015 são cerca 20 constituições anuais.
Uma das principais dificuldades que as cooperativas estão enfrentando para realização de novos projetos, é que, diferente do passado, quando vendiam sua produção por uma tarifa feed in determinada, hoje para vender energia solar e eólica, são obrigadas a participar de processos licitatórios. Esse processo traz maior necessidade de especialização e insegurança no investimento, e de acordo com Dr. Eckard Ott, diretor presidente da DGRV-Alemanha, esse fato está impedindo uma transição energética com maior participação cidadã.
Para melhor entender sua participação no setor energético, avaliar a conjuntura atual e suas perspectivas, a DGRV – Deutscher Genossenschafts- und Raiffeisenverband e. V. (Confederação Alemã das Cooperativas) realiza anualmente um levantamento de informações com as cooperativas de energia no país.
As cooperativas de energia têm em média 261 membros, dos quais 95% são particulares, isto é, pessoas físicas. Para participar de uma cooperativa os valores da quota mínima variam de 50 a 10mil euros, porém em média cada cooperado aporta 5.056 mil euros.
Os mais de 200 mil membros representam 2,9 milhões de euros investidos em energias renováveis. Dentre as áreas de atuação observadas no quadro abaixo, o envolvimento das cooperativas na produção de energia fotovoltaica é dominante, porém se observa que atuam concomitantemente em várias frentes. Não é raro ter uma cooperativa gerando energia e ao mesmo tempo se ocupando com eficiência energética, mobilidade elétrica ou na operação de rede de aquecimento para seus associados.
Áreas de atividade das cooperativas
Fonte: Pesquisa DGRV Alemanha / Ano 2019
Apesar dos grandes avanços, esforços e investimentos, a Alemanha ainda está caminhando para cumprir as metas climáticas estabelecidas. Uma revisão de suas regulamentações abriria espaço para a ação de novos atores, permitindo que as cooperativas contribuíssem exponencialmente para a expansão do setor de Energias Renováveis.
Autoras: Camila Japp (DGRV) e Monica Lehmann (DGRV)
Publicado em 30/06/2021
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Confira a pesquisa sobre as cooperativas de geração distribuída no Brasil.