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Participação feminina no Cooperativismo e na Energia Cooperativa

Participação feminina no Cooperativismo e na Energia Cooperativa

Cooperativismo

Sabia que em 2022 foi criado o Dia da Mulher no Cooperativismo? Comemorado anualmente no dia 15 de agosto, foi criado através do projeto de lei nº 2.196/2021 e visa destacar a atuação da mulher no âmbito do cooperativismo. No geral, os princípios cooperativistas são fortemente alinhados com oportunidades de inclusão e diversidade e vamos explicar um pouco do porquê.

 

Mas o que é um ambiente diverso?

O conceito de diversidade está relacionado à variedade, pluralidade, diferença, e é socialmente utilizado para contextualizar a convivência de indivíduos diferentes em relação à etnia, orientação sexual, cultura, gênero, religião, entre outras características.

Alguns grupos, como mulheres, pessoas negras, LGBTQI+, idosos, pessoas com deficiência e pessoas trans, ainda são minorias em muitos espaços, principalmente nas empresas e em cargos com alta hierarquia.

 

E por que é importante ter um ambiente de trabalho diverso?

Além de proporcionar bem-estar e um ambiente mais agradável e acolhedor para os funcionários, a presença de diversidade nas equipes causa impactos diretos no aumento da produtividade dos colaboradores e pode até gerar melhor performance financeira, de acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey Company. 

Um ecossistema diverso, com um time de pessoas que possuem trajetórias, origens, valores e formações diferentes podem oferecer soluções que atendam melhor uma sociedade crescentemente diversa! A diversidade é a base da inovação e é fundamental para formar equipes e organizações sustentáveis e resilientes às mudanças que estamos enfrentando.

 

As mulheres no setor de energia

Na área de energia, por exemplo, de acordo com uma pesquisa realizada pela International Renewable Energy Agency (IRENA) em 2018, em média apenas 32%  das pessoas que trabalham no setor de energias renováveis são mulheres. E quando olhamos especificamente para trabalhos das áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) esse número reduz para 28%. Ainda assim, o setor de energias renováveis tem uma proporção maior do que na indústria de óleo e gás, onde as mulheres ocupam apenas 22% dos cargos.

 

Quando olhamos especificamente para a área da energia solar no Brasil, um estudo realizado pela Greener em 2020 com empresas atuando na área de Geração Distribuída Fotovoltaica mostrou que temos um longo caminho para diminuir essa disparidade de gênero no setor. Das 685 empresas participantes, 40% destas não tinham nenhuma mulher contratada – a média de participação feminina nas empresas variou de 16% a 21% dos funcionários, com a porcentagem aumentando sutilmente de acordo com o número de colaboradores da empresa.

É evidente que no contexto da energia solar, a equidade de gênero ainda é um grande desafio. Pensando na área corporativa, a Rede MESol elaborou um manual de “Boas práticas para empresas do setor de Energia Solar”. O manual traz diretrizes para serem aplicadas tanto nas etapas de contratação, quanto no desenvolvimento profissional e envolvimento em cargos de liderança para as mulheres no setor.

 

Iniciativas internacionais de diversidade de gênero no setor

A nível global diversas organizações já manifestaram interesse em fomentar a diversidade de gênero no setor energético. A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), a Rede Internacional ENERGIA de Gênero e Energia Sustentável (ENERGIA) e a Rede Global de Mulheres para a Transição Energética (GWNET), apoiadas pelos governos do Equador, Islândia, Quênia, Nepal e Suécia desenvolveram um Pacto de Gênero e Energia, para catalisar ações em prol da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres a fim de acelerar uma transição energética justa, inclusiva e sustentável. Este pacto foi criado dentro do contexto dos Pactos de Energia, que são compromissos voluntários em prol do ODS 7 “Energia Limpa e Acessível para Todos”. Dentre os resultados esperados para este pacto estão a eliminação da pobreza energética, de tempo e o excesso de trabalho enfrentado pelas mulheres, a adoção de caminhos favoráveis à inclusão de mulheres no acesso à energia e transição energética em alguns países e regiões, criação de vias de promoção profissional para mulheres no setor e maior acesso a recursos produtivos para organizações geridas por mulheres.

 

Promoção da equidade de gênero na energia cooperativa mundo afora

Outra iniciativa internacional inspiradora foi implementada pela Cooperatives Europe, organização que representa empresas cooperativas na Europa e possui mais de 84 membros em 33 países. A iniciativa consiste em uma Carta de Igualdade de Gênero, que incentiva seus membros a implantarem os 10 compromissos da carta em suas cooperativas para reduzir a disparidade de gênero.

 

Imagem: 10 compromissos da Carta de Igualdade de Gênero elaborada pela Cooperatives Europe

A REScoop.eu, Federação Europeia de Cooperativas de Energia Cidadãs, também entrou com uma ação para promover a integração justa de gênero, desta vez especificamente nas comunidades de energia. A Federação, que representa mais de 1.900 cooperativas, lançou um grupo de trabalho denominado “Força de Gênero” (Gender Power). O grupo mapeia as necessidades e desafios que as cooperativas de energia enfrentam, e fornece o espaço para discussão e para o intercâmbio de boas práticas.

 

Cooperativismo impulsionando as mulheres no setor de energia

As cooperativas possuem como um de seus princípios norteadores a gestão democrática, através do qual é  incentivada a participação ativa e igualitária dos membros, que podem ser quaisquer indivíduos aptos a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades, sem discriminações de gênero, sociais, raciais, políticas e religiosas.

Um levantamento realizado pela OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostrou que o movimento gerou 493.277 postos de trabalho em 2021 e 49% desse total é ocupado por mulheres, o que representa uma grande conquista para a representatividade feminina nas cooperativas. Desta forma, esse modelo tem representado uma porta de entrada para muitas mulheres no setor energético, e para participarem ativamente do movimento de transição energética.

De acordo com o Comitê de Igualdade de Gênero (GEC) da International Cooperative Alliance (ICA) em uma declaração publicada no Dia da Mulher este ano, é destacada a interconexão entre os direitos das mulheres, a igualdade de gênero e a justiça climática. E, neste contexto, as cooperativas desempenham um papel fundamental quando falamos de equidade de gênero:

“Através do aumento do acesso das mulheres a recursos e oportunidades econômicas; capacitando-as não apenas economicamente, mas também individual e socialmente para desafiar as normas sociais e culturais; criando um ambiente propício para que elas usem essas oportunidades e recursos para alcançar resultados iguais aos homens”

Nós da Energia.coop acreditamos que as iniciativas de Energia Cooperativa possuem um enorme potencial para inclusão social e de grupos que são minoritários no setor energético. E não somos os únicos! Como comentamos neste texto, iniciativas do mundo todo estão pensando na diversidade como elemento fundamental para a construção de equipes mais fortes e resilientes, capazes de mudar o mundo. Vamos juntos e juntas fazer da transição energética no Brasil um movimento cada vez mais inclusivo e diverso?

 

 

Autora: Laís Vidotto (Instituto Ideal)  

Colaboração: Kathlen Schneider (Instituto Ideal)

Publicado em: 16/08/2022


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